José de Alencar nasceu em 1829, apenas
sete anos depois da Independência do Brasil, em Mecejana, no Ceará.
Filho de um ex-padre, que se tornou presidente da Província do Ceará e
Senador do Império, o jovem Alencar se transfere, com a família, aos
nove anos de idade para a cidade do Rio de Janeiro. Em 1844, aos quinze
anos, matricula-se nos cursos preparatórios à Faculdade de Direito de
São Paulo. Lê, então, o recém publicado romance A Moreninha, cujo
sucesso em muito há de influenciá-lo na decisão posterior de se tornar
romancista.
Em São Paulo, Alencar cursa os
primeiros anos da Faculdade de Direito e começa a publicar seus
primeiros textos em algumas revistas estudantis. Transfere-se, em 1848,
para a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco. Em Olinda, na
velha biblioteca do Mosteiro de São Bento, encontra a literatura dos
antigos cronistas coloniais, como Gabriel Soares de Sousa e Pero
Magalhães Gandavo.
Anos mais tarde, Alencar ainda se recorda da emoção que foi a descoberta
desses autores do século XVI, que nos dão as primeiras impressões dos
europeus ao encontrarem a natureza e o índio do Brasil, em cujas páginas
já procurava um tema para desenvolver em sua própria literatura.
Voltando a São Paulo, após contrair
tuberculose, forma-se em Direito no final de 1850. No ano seguinte,
retorna à capital do país e lá começa a advogar. Não se esquece, porém,
da literatura. Em 1854, começa a escrever uma seção diária no Correio
Mercantil, intitulada Ao Correr da Pena, em que comenta os mais variados
assuntos da vida do Rio de Janeiro e do país. Esses textos leves de
temática cotidiana podem ser considerados os precursores da crônica
moderna, em que se haveriam de destacar, no século seguinte, escritores
como Rubem Braga, Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade.
Em 1855, Alencar é um dos fundadores
do jornal O Diário do Rio de Janeiro, do qual é editor-chefe. É através
desse jornal que vai publicar os textos que, logo, o tornará conhecido
em todo o país. No final do ano de 1856, Alencar decide publicar um
folhetim como “brinde” aos leitores do jornal. Inicia, assim, sua
carreira de romancista. Publica o curto romance Cinco Minutos, que é
recebido por seus leitores com grande simpatia. Estimulado pelo sucesso
do primeiro, logo começa a publicar um segundo romance, A Viuvinha, cuja
publicação interrompe quando, por engano, um companheiro seu publica o
final da história na Revista de Domingo. Inicia, então, a publicação de
O Guarani. Surge, assim, na literatura nacional, uma nova estrela
colorida brilhante. Uma estrela que há de escrever, numa velocidade
estonteante, os capítulos do romance do qual descerá um índio mais
avançado que a mais avançada das mais avançada das tecnologias - o
apaixonado Peri.
Em 1870, abandona a política,
ressentido, após ser preterido para a vaga de Senador. Inicia, então,
uma fase de recolhimento: poucos amigos e nenhum sorriso. Sua produção
novelística é intensificada, agora norteada pelo projeto de descrição do
Brasil, anunciado no prefácio do livro Sonhos d'Ouro (1872). Em 1875,
publica Senhora, um de seus romances mais complexos. Ao morrer, em 1877,
Alencar era considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos.
Principalmente por Machado de Assis, seu amigo e mais fiel admirador, e
que logo o destronaria. Para Machado: “Nenhum escritor teve em mais
alto grau a alma brasileira”.
O próprio Alencar aponta que seus romances se encaixam em um projeto de descrição global do Brasil. Divide-os em quatro tipos:
Romance Urbano: José
de Alencar segue muitas vezes o padrão do típico romance de folhetim,
retratando a alta sociedade carioca com todas as suas belas fantasias de
amor. O romancista, no entanto, vai além: por trás de toda a pompa e
final feliz onde todos os segredos e suspenses que se desenvolvem nas
complicadas tramas são desvendados, está a crítica, a denúncia da
hipocrisia, da ambição e desigualdade social. Alencar se especializou
também na análise psicológica de suas personagens femininas, revelando
seus conflitos interiores. Essa análise de caráter mais psicológico do
interior das personagens remete sua obra a características peculiares
dos romances realistas. Seus romances urbanos são: Cinco Minutos, A
Viuvinha, Lucíola, Diva, A Pata da Gazela, Sonhos d'Ouro, Senhora e
Encarnação.
Romance Indianista:
As obras indianistas revelam sua paixão romântica pelo exotismo,
encarnado na figura do índio, com todos os seus costumes, crenças e
relações sociais. Sua descrição sempre se opõe à imagem do homem branco,
"estragado" e corrompido pelo mundo civilizado. O índio de José de
Alencar ganha tons lendários e míticos, com ares de "bom selvagem". Sua
descrição muitas vezes funde seus sentimentos com a beleza e a harmonia
exótica da natureza. Caracterizando a bondade, nobreza, valentia e
pureza do selvagem, Alencar às vezes o aproxima dos cavaleiros e
donzelas medievais, revelando um pouco dos traços românticos europeus
que assolavam nossa cultura. Seus romances indianistas são: O Guarani,
Iracema e Ubirajara.
Romances Regionalistas:
denotam o interesse e o exotismo pelas regiões mais afastadas do
Brasil, aliando os hábitos sociais da vida do homem do campo à beleza
natural das terras brasileiras. Se nos romances urbanos as mulheres são
sempre enfatizadas, nas obras de cunho regional os homens são figuras de
destaque, com toda a sua ignorância e rudeza, enfrentando os desafios
da vida, sendo que as mulheres assumem papéis submissos, de segundo
plano. Seus romances regionalistas são: O Gaúcho, O Tronco do Ipê, Til e
O Sertanejo.
Romances Históricos:
com seus romances históricos – As Minas de Prata e A Guerra dos Mascates
– Alencar também buscou na passado histórico brasileiro inspiração para
escrever seus romances, criando quase sempre uma nova interpretação
literária a fatos marcantes da colonização, como o busca por ouro no
interior do Brasil e as lutas pelo aumento das terras nas fronteiras
brasileiras. Seus enredos denotam em vários momentos um nacionalismo
exaltado e o orgulho pela construção da pátria.
PRINCIPAIS OBRAS
Romance
Cinco Minutos (1856); A Viuvinha (1857); O Guarani (1857); Lucíola
(1862); Diva (1864); As Minas de Prata (parte inicial: 1862 - obra
completa: 1864-65); Iracema (1865); O Gaúcho (1870); A Pata da Gazela
(1870); O tronco do Ipê (1871); Sonhos d'Ouro (1872); Til (1872);
Alfarrábios ("O Ermitão da Glória" e "O Garatuja") (1873); A Guerra dos
Mascates (1873); Ubirajara (1874); Senhora (1875); O Sertanejo (1875);
Encarnação (1877).
Teatro
Demônio Familiar (1857); Verso e Reverso (1857); A asas de um anjo (1860); Mãe (1862); O Jesuíta (1875).
Crônicas
Ao correr da pena (1874).
Autobiografia
Como e Porque Sou Romancista (1893).
Cartas
A Confederação dos Tamoios (1856); Ao Imperador: Cartas Políticas de
Erasmo (1865); Ao Imperador: novas cartas políticas de Erasmo (1865); Ao
povo: cartas políticas de Erasmo (1866); O Juízo de Deus (1867); Visão
de Jó (1867); O sistema Representativo (1868).
Enredo do Livro “Iracema”
A história se transcorre no século
XVI, nas então selvagens selvas nordestinas, onde hoje é o litoral do
Ceará. Martim, um jovem guerreiro português, é ferido por uma índia ao
andar só por entre as matas. Essa índia é a jovem guerreira tabajara
Iracema, virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a
asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira, consagrada a
Tupã e que continha o segredo da jurema: a preparação de um licor que
provocava êxtase nos índios tabajaras. A jovem, percebendo que havia
ferido um inocente, o leva para a cabana do pai, o pajé Araquém. A
hospedagem de Martim junto aos tabajaras não agrada a muitos,
principalmente um guerreiro de nome Irapuã, apaixonado por Iracema.
Enquanto isso, Martim convive com a saudade de Portugal e sua amada que
lá foi deixada, e também com a crescente admiração pela virgem tabajara.
Em meio a festas e guerras travadas com outras tribos, a virgem e o
guerreiro branco se envolvem amorosamente, o que contraria o voto de
castidade a Tupã. Apaixonada por Martim e contrariando a crença de sua
tribo, só resta a Iracema fugir de sua aldeia antes que o pai e os
outros selvagens percebam. Essa fuga se dá ao lado do amado e de um
guerreiro da tribo Pitiguara de nome Poti, a quem o jovem português
tratava como irmão. Ao perceber o ocorrido, os tabajaras, liderados por
Irapuã e o irmão de Iracema, Caubi, perseguem os amantes. Encontram a
tribo inimiga Pitiguara, com quem travam um sangrento combate. Iracema,
vendo a ferocidade com que Irapuã e Caubi agridem Martim, os fere
gravemente. A tribo tabajara, pressentido a derrota e a morte em massa,
foge.
A desesperada fuga acaba numa praia deserta, onde Martim e Iracema
constroem uma cabana. Passado algum tempo, Martim se sente na obrigação
de ir guerrear junto ao seu irmão Poti e a tribo Pitiguara, deixando
Iracema na cabana, grávida. Martim demora e Iracema dá a luz a um
menino, ficando gravemente debilitada pelo parto. O guerreiro branco
chega logo depois e, ao ouvir o canto triste da jandaia (ave que sempre
acompanha Iracema), pressente a tragédia. Volta ainda a tempo de ver
Iracema morrer nos seus braços, enterrando-a ao pé de um coqueiro. O
filho de Iracema e Martim tornou-se assim o primeiro cearense, fruto da
relação muitas vezes trágica entre o sangue português e o sangue
indígena.
Características dos personagens
Iracema: É uma jovem
índia guerreira tabajara, virgem dos lábios de mel, tinha os cabelos
mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de
palmeira, é portanto, como a síntese perfeita das maravilhas da natureza
cearense, brasileira e americana. Iracema é muito mais do que uma
mulher. Toda a natureza rende-lhe homenagem: da acácia silvestre aos
pássaros, como o sabiá e a ará. A heroína é o próprio espírito
harmonioso da floresta virgem.
Martim: Um jovem
guerreiro português, que tinha nas faces o branco das areias que bordam o
mar, nos olhos o azul triste das águas profundas, com desconhecidas
armas e tecidos que cobrem-lhe o corpo. Era um guerreiro que aprendeu na
religião de sua mãe que a mulher é um símbolo de ternura e amor.
Araquém: Pai de Iracema, pajé da tribo Tabajara.
Tupã:
Caubi: Pertencente também da tribo Tabajara era irmão de Iracema.
Irapuã: Índio da tribo Tabajara que era apaixonado por Iracema.
Poti: Índio pertencente à tribo Pitiguara, a quem o jovem português Martim tratava como irmão.
Pitiguaras: Tribo que habitava o litoral cearense e eram amigos dos portugueses.
Tabajaras: Tribo que vivia no interior e eram aliados dos franceses.
Temática
Iracema é um livro cearense, seu titulo completo é Iracema – lenda do Ceará é o que afirma José de Alencar:
“O livro é cearense. Foi imaginando aí, na limpidez desse céu de
cristalino azul, e depois vazado no coração cheio de recordações vivazes
de uma imaginação virgem. Escrevi-o para ser lido lá, na varanda da
casa rústica ou na fresca sombra do pomar, ao doce embalo da rede, entre
os murmúrios do vento que crepita na areia ou farfalha nas palmas dos
coqueiros”.
CONCLUSÃO
Ao findar este trabalho eu posso dizer
que eu entendi um pouco sobre a vida de José de Alencar que é
considerado o maior romancista do Romantismo brasileiro, bem como um dos
maiores de nossa literatura. Abrangeu em sua obra todo um perfil da
cultura brasileira, na busca de uma identidade nacional que
transcorresse o seus aspectos sociais, geográficos e temáticos, numa
linguagem mais brasileira, tropical, sem o estilo português, que até
então rodeava os livros de outros romancistas. Toda a sua extensa gama
de romances pode ser dividida em quatro temas distintos:
Romances Indianistas, Ex: Iracema (o qual eu fiz o trabalho);
Romances Urbanos, Ex: Senhora;
Romances Regionalistas, Ex: O Gaúcho;
Romances Históricos, Ex: As Minas de Pratas.
BIBLIOGRAFIA
Biblioteca da Escola em Casa – São Paulo. DCL, 2003.
DE ALENCAR, José, Iracema – São Paulo.
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