A vida e a historia do grande mártir da revolução negra não só nos EUA mas no mundo.
Martin Luther King (1929-1968),
pastor norte-americano, Prêmio Nobel, um dos principais líderes do
movimento americano pelos direitos civis e defensor da resistência não
violenta contra a opressão racial.Foi escolhido líder do movimento a
favor dos direitos civis das minorias após organizar o famoso boicote ao
transporte público em Montgomery (Alabama), em 1955.
Lutou por um tratamento igualitário e
contribuiu para a melhoria da situação da comunidade negra, mediante
protestos pacíficos e discursos enérgicos sobre a necessidade do fim da
desigualdade racial. Em 1963, dirigiu uma marcha pacífica do monumento a
Washington até o Lincoln Memorial, onde pronunciou seu discurso mais
famoso: "Eu Tenho um Sonho".
Formação e início de vida
King nasceu em Atlanta, Geórgia, no dia 15 de janeiro de 1929. Entrou
para o Morehouse College aos 15 anos e foi ordenado pastor batista aos
18 anos de idade. Depois de se formar no Seminário Teológico de Crozer
como presidente da turma em 1951, fez pós-graduação na Universidade de
Boston. Lá conheceu Coretta Scott, nascida em Marion, Alabama, com quem
se casou em junho de 1953. Os estudos de King em Crozer e em Boston
levaram-no a analisar os trabalhos do líder pacifista indiano Mohandas
Karamchand Gandhi, cujas idéias se tornaram o núcleo da sua própria
filosofia sobre o protesto não violento. Em 1954, King aceitou a
designação para ser pastor da Igreja Batista da Avenida Dexter, em
Montgomery, Alabama.
O boicote aos ônibus de Montgomery
Naquele mesmo ano, a Corte Suprema dos Estados Unidos proibiu qualquer
tipo de educação pública segregadora, e no rastro daquela decisão, o Sul
segregado logo foi desafiado em todas as áreas da administração
pública. Em 1955, King, que havia acabado de terminar o doutorado, foi
indicado para coordenar um boicote aos ônibus de Montgomery. Os líderes
negros da cidade haviam organizado o boicote para protestar contra a
segregação racial em vigor no transporte público após a prisão de Rosa
Parks, uma mulher negra que havia se recusado a ceder o seu lugar a uma
passageira branca. Durante a ação, que durou 381 dias, King foi preso, a
sua casa foi atacada e muitas ameaças foram feitas contra a sua vida. O
boicote foi encerrado mediante um mandado da Suprema Corte proibindo
qualquer transporte público segregador. O boicote de Montgomery foi uma
vitória do protesto pacifista, e King emergiu como líder altamente
respeitado. Como conseqüência os clérigos negros de todo o Sul
organizaram a Conferência de Lideranças Cristãs do Sul (SCLC), tendo
King como presidente.
Liderança quanto aos direitos civis
Em uma visita à Índia em 1959, King pôde compreender melhor o
que entendia por Satyagraha, o princípio de persuasão não violenta de
Gandhi, que King estava determinado a empregar como o seu principal
instrumento de protesto social. Entre seus protestos destacam-se a
campanha, em 1963, a favor dos direitos civis em Birmingham, Alabama, a
realização do censo para aprovação dos votos dos negros, o fim da
segregação racial e a melhoria da educação e de moradia para os negros
nos estados do sul. Dirigiu a histórica ”marcha” para Washington, em 28
de agosto de 1963, onde pronunciou o famoso discurso I have a dream
(Tenho um sonho). Em 1964 recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Ampliação das preocupações
À medida em que o tempo foi passando, King foi ficando cada vez mais
sensível às diferentes formas que a violência poderia assumir. Também
havia ficado claro que inúmeras cidades do Norte que haviam enviado
participantes aos protestos do Sul estavam apáticas em relação aos
acertos necessários quanto à estratégia a ser seguida contra a
discriminação racial. As lideranças negras, que estavam passando por uma
transformação radical, começaram a desafiar as orientações de King.
Após terem apoiado o litígio e a reconciliação, exigiam uma mudança “de
qualquer maneira que fosse possível”. Em Chicago, onde foi lançada a
primeira grande campanha no Norte, ele recebeu a oposição pública dos
batistas negros. Lá os manifestantes negros encontraram brancos,
armados, liderados por neonazistas e apoiados por membros da Ku Klux
Klan. Quanto à guerra no Vietnã, a maioria dos negros sentia que os seus
próprios problemas mereciam prioridade e que as lideranças negras
deveriam se concentrar na luta contra a injustiça racial em casa. No
início de 1967, entretanto, King se associou ao movimento contra a
guerra e às suas lideranças nacionais brancas.
Assassinato
Em abril de 1968 foi assassinado em Memphis, Tenessee, por um branco que
havia escapado da prisão. Em 1986, o terceiro domingo de cada mês foi
escolhido como a data para a comemoração dos direitos civis dos negros.
"Se você não está pronto para morrer por alguma coisa, você não está pronto para viver".
(Martin Luter King Jr.)
EU TENHO UM SONHO
Discurso de Martin Luther King (28/08/1963)
"Eu estou contente em unir-me com
vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela
liberdade na história de nossa nação.
Cem anos atrás, um grande americano,
na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de
Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de
esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas
chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa
noite de seus cativeiros.
Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.
Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.
Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um
vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda
adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua
própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua
vergonhosa condição.
De certo modo, nós viemos à capital
de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa
república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a
Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória
para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma
promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os
homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida,
liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não
apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação
sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque
que voltou marcado com "fundos insuficientes".
Mas nós nos recusamos a acreditar que
o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há
capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos
trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as
riquezas de liberdade e a segurança da justiça.
Nós também viemos para recordar à
América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no
luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo.
Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.
Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.
Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da
injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo
para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.
Seria fatal para a nação negligenciar
a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo
descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono
de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo.
Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento
despertar se a nação votar aos negócios de sempre.
Mas há algo que eu tenho que dizer ao
meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No
processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser
culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de
liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que
conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não
devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência
física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas
da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa
combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma
desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos
irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram
entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram
perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa
liberdade. Nós não podemos caminhar só.
E como nós caminhamos, nós temos que
fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos
retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos
civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"
Nós nunca estaremos satisfeitos
enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade
policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos,
pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis
das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos
enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova
Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não
estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a
retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.
Eu não esqueci que alguns de você
vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram
recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de
áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas
tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial.
Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que
sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o
Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem
para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do
norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada.
Não se deixe caiar no vale de desespero.
Eu digo a você hoje, meus amigos, que
embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho
um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho que um dia esta
nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós
celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os
homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho que um dia nas
colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os
filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à
mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, até
mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da
injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em
um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que minhas quatro
pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão
julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um
sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia, no
Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os
lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no
Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos
brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia todo
vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os
lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão
endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará
junta.
Esta é nossa esperança. Esta é a fé
com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da
montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos
transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela
sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos,
rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender
liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia,
este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um
novo significado.
"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.
Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,
De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"
E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.
E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.
Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.
Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.
Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.
Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.
Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.
Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.
Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.
Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.
E quando isto acontecer, quando nós
permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em
toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós
poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens
pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos,
poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:
"Livre afinal, livre afinal.
Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."
Martin Luther King (1929-1968),
pastor norte-americano, Prêmio Nobel, um dos principais líderes do
movimento americano pelos direitos civis e defensor da resistência não
violenta contra a opressão racial.Foi escolhido líder do movimento a
favor dos direitos civis das minorias após organizar o famoso boicote ao
transporte público em Montgomery (Alabama), em 1955.
Lutou por um tratamento igualitário e
contribuiu para a melhoria da situação da comunidade negra, mediante
protestos pacíficos e discursos enérgicos sobre a necessidade do fim da
desigualdade racial. Em 1963, dirigiu uma marcha pacífica do monumento a
Washington até o Lincoln Memorial, onde pronunciou seu discurso mais
famoso: "Eu Tenho um Sonho"
Formação e início de vida
King nasceu em Atlanta, Geórgia, no dia 15 de janeiro de 1929. Entrou
para o Morehouse College aos 15 anos e foi ordenado pastor batista aos
18 anos de idade. Depois de se formar no Seminário Teológico de Crozer
como presidente da turma em 1951, fez pós-graduação na Universidade de
Boston. Lá conheceu Coretta Scott, nascida em Marion, Alabama, com quem
se casou em junho de 1953. Os estudos de King em Crozer e em Boston
levaram-no a analisar os trabalhos do líder pacifista indiano Mohandas
Karamchand Gandhi, cujas idéias se tornaram o núcleo da sua própria
filosofia sobre o protesto não violento. Em 1954, King aceitou a
designação para ser pastor da Igreja Batista da Avenida Dexter, em
Montgomery, Alabama.
Bibliografia: Gilberto Machado Chaves. 20 / 05 / 2003.
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