Marco Pólo provem de uma família
de abastados mercadores venezianos. Quando ainda criança, seu pai
Nicolau, e seu tio Mateus, partiram para o Oriente afim de abrir novos mercados.
Iniciaram a viagem em 1960, em um período estranho da história. Meio
século antes, o mongol Gêngis-Cã havia começado uma brilhante carreira
de conquistador, e pouco depois, seu neto Cubai-Cã, sagrado chefe dos
inúmeros príncipes mongóis, passaria a governar imenso império, que,
pela primeira vez colocava sobre a mesma lei grandes regiões da Ásia e
da Europa, tornando possíveis as viagens em toda a área.
Os venezianos foram ao palácio de verão de Cublai-Cã em Xangtu, na China
(em seu famoso poema, intitulado Cublai-Cã, Coleridge chama essa cidade
de Xanadu). Os ocidentais fascinaram o líder mongol, que os mandou de
volta à Europa afim de trazer missionários capazes de ensinar-lhe, assim
como a seu povo, o cristianismo. Infelizmente, os Pólo encontraram o
papado no marasmo de um interregno, e os missionários jamais foram
enviados, perdendo-se assim grande oportunidade de cristianizar o Extremo Oriente.
Os pólo voltaram à China de 1275 e,
desta vez, Marco os acompanhava. Este, em particular, galgou um alto
posto, tornando-se diplomata acreditado junto à corte de Cublai-Cã.
Contudo, durante a velhice do Cã, os Pólo sentiram que não podiam
confiar nos favores de seu sucessor. Recebendo a missão de escoltar
princesas mongóis até a Pérsia, aproveitaram a oportunidade para
continuar em frente, até chegar em casa. Finalmente, atingiram Veneza em
1295. A Ásia Central não mais seria percorrida tão minuciosamente por
nenhum europeu senão cinco séculos depois.
As histórias de Marco Pólo sobre as
maravilhas que viu na civilização do extremo oriente, no auge da
dominação mongol, foram lidadas com muita descrença, sendo o autor
ironicamente cognominado de Marco Milioni (Marco Milhões), porque lidava
muito com esses números nas suas descrições.
Em 1298 reavivou-se a guerra naval
entre Gênova e Veneza, ocupando Marco Pólo um cargo de comando na frota
veneziana. Pouco depois, entretanto, seria feito prisioneiro. Durante
sua estada na prisão de Gênova ditou a história de suas viagens. Não
tratou particularmente de assuntos pessoais, preferindo descrever
regiões africanas e asiáticas com as quais estava razoavelmente
familiarizado. Um ano depois, foi solto, podendo então regressar a
Veneza.
O livro tornou-se popular, embora
considerável inverossímil e divertido: em suma, uma trama de contos
irreais. Cinco séculos e meio depois, exploradores europeus finalmente
penetraram no interior da Ásia e constataram que, à exceção de algumas
histórias maravilhosas, Marco Pólo estava certo em suas descrições de
substâncias sob o carvão, o asbesto e o papel.
A importância do livro reside na
descrição da riqueza das Índias. Colombo possuía uma cópia da obra,
tendo anotado entusiasticamente as suas margens. Foi a grande viagem
para Oriente de Marco Pólo que incitou Colombo a viajar para o Oriente
na esperança de chegar ao mesmo destino. Com isso, Marco Pólo contribuiu
para ativar o fermento intelectual que se iria espalhar pela Europa
dois séculos depois, ampliando-lhe os horizontes geográficos e
intelectuais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário