Quer em seus hábitos,
quer em seus textos, Wilde assumiu de início a atitude de um dândi,
ligado, com um comportamento extravagante, ao esteticismo da arte
pela arte. Seu talento superou no entanto essa fase superficial, para
florescer com pujança em obras-primas maduras, depois de sua carreira ser cortada pelo escandaloso processo por homossexualismo que o levou à prisão.
Oscar Fingall O'Flahertie Wills
Wilde nasceu em Dublin, Irlanda, em 16 de outubro de 1854. De pais
sofisticados e ricos, estudou em Oxford onde, sob a influência de
Matthew Arnold, John Ruskin e Walter Pater, liderou um movimento
que combatia os filisteus da cultura e propunha um hedonismo extremado.
Brilhou na sociedade londrina com seu talento verbal. Os trocadilhos e
pilhérias que o tornaram famoso, não obstante, criticavam muitas vezes o
próprio modo vitoriano de vida, marcado pelo apego às convenções.
Nos diversos gêneros que abordou,
Wilde criou obras inesquecíveis, como The Happy Prince and Other Tales
(1888; O príncipe feliz e outras histórias) e The Picture of Dorian Gray
(1891; O retrato de Dorian Gray), este seu único romance e um de seus
livros mais lidos. A poesia contida em Poems (1881; Poemas) apresenta
alguns poemas isolados de força sugestiva e patética. Entretanto, não
foi muito estimada pela crítica do século XX, que sempre lhe reprovou o
sentimentalismo excessivo.
É opinião unânime que Wilde se
expressou com maior desenvoltura como autor teatral, renovando a
dramaturgia vitoriana com sua verve e seus paradoxos, cintilantes de
agudeza e de concisão verbal. Um pouco à maneira das comédias do período
da restauração, suas peças principais foram armas brandidas contra as
convenções da "boa sociedade",
expondo-lhe sem piedade a hipocrisia. Entre essas peças estão Lady
Windermere's Fan (1893; O leque de Lady Windermere), A Woman of No
Importance (1893; Uma mulher sem importância) e An Ideal Husband (1895;
Um marido ideal). Bem mais conhecida e ainda muito encenada é The
Importance of Being Earnest (1895; A importância de ser sério),
considerada sua obra-prima no gênero e cujo título original encerra um
jogo de palavras entre earnest (sério) e Ernest (Ernesto).
Como ensaísta, Wilde publicou
Intentions (1895; Intenções). Em francês, escreveu o drama poético
Salomé (1893), transformado por Richard Strauss em ópera (1905). De seus
dias de prisão brotaram The Ballad of the Reading Gaol (1898; A balada
do cárcere de Reading) e o depoimento em prosa De profundis (1905),
longa carta de recriminações a Lord Alfred Douglas, seu ex-amante e
causa de toda sua desgraça. Oscar Wilde, libertado em 1897, deixou para
sempre a Inglaterra e, em extrema pobreza, morreu em Paris em 30 de
novembro de 1900.
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