Introdução
Naturalista britânico inicia estudos de Medicina e de Teologia, mas em
1831, aprende bastante de Botânica, Entomologia e Geologia, é
recomendado para uma expedição científica a bordo do Beagle. À volta ao
mundo do Beagle dura cinco anos, durante os quais Darwin forma a sua
coleção de naturalista, acumula observações práticas e modifica os
postulados teóricos básicos da ciência biológica da época. Aos 27 anos,
de regresso a Inglaterra, decide dedicar a sua vida à ciência. Em 1842,
com a herança paterna, retira-se para uma casa no campo, onde vive
consagrado ao estudo até a morte.
No estudo A Origem das Espécies formula a teoria da evolução dos seres
vivos mediante uma seleção natural que favorece nos indivíduos variações
úteis na luta pela existência; estas variações transmitem-se,
reforçadas, aos descendentes.
Charles Darwin formula a doutrina evolucionista, segundo a qual as
espécies procedem umas das outras por evolução. Em virtude da seleção
natural sobrevivem os indivíduos e as espécies melhor adaptados. Estas
idéias revolucionam as concepções biológicas da sua época.
A esta obra segue-se A Origem do Homem,
em que aprofunda a sua teoria sobre a descendência do homem e do macaco
de um antepassado comum. Por formular estas idéias vê-se violentamente
combatido pelas mais diversas correntes religiosas, que vêm no homem a
imagem de Deus. Consequentemente, em redor do pensamento de Darwin
cristalizam as polemicas vitorianas sobre a natureza social, metafísica e
fisiológica do homem.
O impacto desta obra é imediato e sensacional. O público culto já está
introduzido na concepção da evolução, mas o fato de um cientista
respeitado contribuir com tal quantidade de evidências para provar esta
idéia revolucionária convence um grande número de cientistas
importantes, de modo que, por muitos oponentes que tenha, a opinião
geral torna-se favorável.
Darwin tem uma influência decisiva sobre a literatura da segunda metade
do século XIX e contribui involuntariamente para o advento do
naturalismo literário.
Charles Darwin
Charles Robert Darwin foi um importante naturalista inglês que viveu no
século XIX. Ele é lembrado por ter formulado a teoria da evolução, que
explica como as diferentes espécies de animais se desenvolveram ao longo
do tempo. Darwin nasceu no Reino Unido, em 12 de fevereiro de 1809. Foi
estudar medicina em 1825, mas abandonou a carreira, voltando-se para as
ciências naturais. Em 1831 iniciou uma viagem a bordo do Beagle ao
redor do mundo, promovida pelo corpo de almirantes britânico, um pequeno
navio de exploração científica. Darwin chegou à costa do Brasil,
seguindo para a Patagônia, ilhas Malvinas, Terra do Fogo, ilhas
Galápagos, Nova Zelândia, Austrália, Tasmânia, Maldivas e toda a costa
ocidental da América do Sul, do Chile ao Peru. Darwin colecionou fósseis
e observou várias espécies animais e vegetais, além de fenômenos
geológicos como erupções vulcânicas e terremotos
Após a chegada do Beagle a Inglaterra, o trabalho de Darwin como
naturalista tinha de ser terminado. Para isso, instalou-se em Londres,
onde editou dois livros: um livro que descrevia o trabalho zoológico
durante a viagem e outro que era o seu diário de bordo.
Pouco tempo depois do seu casamento com Emma Wedgwood, a família
mudou-se para a aldeia de Down no Sudeste da Inglaterra. Foi aqui que
desenvolveu a teoria que o tornaria famoso e que iria revolucionar o
pensamento. Darwin permaneceu nesta casa o resto da vida rodeado apenas
pela família e alguns amigos mais íntimos.
Todas as informações recolhidas durante a viagem e os relatórios que os
seus colegas prepararam (baseados nas espécies enviadas por Darwin)
alertaram-no para algumas questões.
As tartarugas das Galápagos eram suficientemente parecidas para terem
uma origem comum, mas pertenciam a 7 espécies diferentes, e cada espécie
vivia numa só ilha. Um fenômeno semelhante acontecia com os tentilhões
(aves). Darwin concluiu que as ilhas tinham sido povoadas a partir do
continente e que as características de cada ilha tinham condicionado a evolução das espécies,
levando assim à sua diferenciação. Esta conclusão levou Darwin a
juntar-se à corrente evolucionista, já defendida por outros como
Lamarck.
Segundo Lamarck, todas as espécies tinham evoluído a partir de outras
espécies ancestrais. E as novas características adquiridas pelos seres
vivos deviam-se à necessidade de adaptação ao meio que os rodeava. Sendo
assim, se um órgão ou função de um ser vivo fosse muito utilizado, este
tornava-se mais forte, mais vigoroso e de maior tamanho. Mas se um
órgão ou função não fosse utilizado, atrofiava e acabaria por
desaparecer. Estas características eram, por sua vez, transmitidas às
gerações seguintes. A adaptação era progressiva e caminhava para a
perfeita interação com os fatores ambientais. Desta forma, Lamarck
explicava o tamanho do pescoço das girafas ou dos flamingos.
Darwin veio modificar a teoria de Lamarck tornando-a mais verdadeira.
Segundo esta teoria, o número de indivíduos de uma espécie não se altera
muito de geração em geração, pois uma boa parte dos indivíduos de uma
geração é naturalmente eliminada, devido à luta pela sobrevivência.
Assim, os indivíduos que sobrevivem são os mais aptos e melhor adaptados
ao meio ambiente, os outros são eliminados progressivamente. O
resultado desta luta é uma seleção natural que ocorre na natureza,
privilegiando os melhores dotados relativamente a determinadas condições
ambientais. Como as formas mais favorecidas têm uma maior taxa de
reprodução em relação às menos favorecidas, vão-se introduzindo pequenas
variações na espécie que a longo prazo levam ao aparecimento de uma
nova espécie. Como os mecanismos hereditários ainda não eram conhecidos,
Darwin não conseguiu explicar como surgiam as variações dentro das
espécies, nem como eram transmitidas às descendências.
Tamanha foi a força das revelações de Darwin sobre a origem e a
transformação do mundo animal, das plantas e, em especial, da
humanidade, que quase ninguém consegue ter uma visão muito clara hoje em
dia de como se pensavam essas coisas antes dele. Poucas revoluções
tiveram esse poder. A prova de que a Terra é redonda é uma delas. Parece
natural hoje em dia nos vermos habitando uma esfera que gira sobre o
próprio eixo e em torno do Sol. Mas por milênios se acreditou em uma
Terra plana como um campo de futebol sustentada pelos ombros fortes de
um titã que se apóia sobre os cascos de tartarugas. A evolução lenta das
espécies ao longo das eras formando linhagens que desembocam nos atuais
seres vivos. Isso é o Darwin. Antes dele acreditava-se na versão
religiosa segundo a qual por volta do ano 4004 a.C., de uma só tacada,
Deus criou o homem, a mulher e os demais seres vivos exatamente como
eles são agora. Essa visão pré-darwinista, que só sobrevive dentro dos
círculos religiosos, tem conseguido ultimamente uma projeção
assustadora. À luz desse retrocesso, relembrar as conquistas de Darwin
torna-se um imperativo.
Quando Darwin lançou A Origem das Espécies, em 1859, o primeiro de seus
livros que explicam a teoria da evolução, cientistas e intelectuais de
todos os matizes foram obrigados a se posicionar diante dos argumentos
do naturalista. Apesar do rigor científico das pesquisas que conduzira,
suas conclusões ofendiam a todos. Conceitos arraigados havia séculos na
biologia, como o de que as espécies não mudam ao longo do tempo, caíram
por terra diante dos argumentos de Darwin. A criação do mundo como
descrita na Bíblia foi desmontada. Entre todas as suas propostas, a mais
difícil de engolir por seus contemporâneos foi a de que o homem não é
um animal superior a todos os outros e tem ancestrais em comum com os
macacos. "A publicação de A Origem das Espécies destituiu a vida humana
de qualquer superioridade em relação aos animais, enterrou o conceito de
divindade e pôs fim a milhares de anos de irracionalidade na comunidade
científica e em parte da sociedade.” Os ataques às idéias de
Darwin prosseguiram por todo o século XX. O naturalista foi acusado de
solapar os valores tradicionais da sociedade e de defender o
determinismo genético. Os sociólogos o criticavam por reduzir a
complexidade social ao resultado de ações individuais, instintivas e
egoístas.
Depois de quase 150 anos da publicação de A Origem das Espécies, a
vitória das idéias de Darwin é inequívoca. Entre os grandes nomes que
revolucionaram a maneira de pensar, como Karl Marx e Sigmund Freud,
Darwin é o único cujas idéias ainda servem de base sólida para avanços
extraordinários do conhecimento.
As idéias de Darwin, aperfeiçoadas por seus discípulos ao longo de 150
anos, são hoje um consenso entre os biólogos. Mas continuam a incomodar o
pensamento religioso. Muitas descobertas da ciência no último século,
como o surgimento do universo através da explosão primordial, o Big
Bang, de alguma maneira se acomodaram em meio aos dogmas da fé. No caso
da gênese humana, é diferente. A teoria de que todas as formas de vida
nasceram da "sopa primeva" e evoluíram ao longo dos milênios se choca
frontalmente com o maior dos dogmas, o que reza que o homem é a criação
suprema de Deus e foi feito à sua semelhança. Neste início do século
XXI, em que se observa uma busca intensa pela espiritualidade e pelo
misticismo como antídoto às atribulações da vida moderna, a ira das
religiões contra Darwin tem se acirrado.
Hoje, suas idéias são mais aceitas, e seus livros são uma referência
entre pesquisadores do mundo inteiro. Darwin morreu de um ataque
cardíaco em 19 de abril de 1882, tendo dedicado toda a sua vida à
ciência.
Conclusão
Assim, a teoria da evolução das espécies baseia-se nestes conceitos:
origem da vida; provas de evolução a partir de campos biológicos
diversos (semelhanças quanto à forma, embriológicas, bioquímicas ou
achados paleontológicos); fatores de evolução: herança (que conserva os
caracteres), variabilidade (mutação, recombinação de genes), seleção
natural (o meio atua sobre as variações, com os mais fortes a imporem-se
aos mais fracos) e isolamento.
O evolucionismo rapidamente se expande para além das ciências da vida a
outras áreas do conhecimento, universalizando-se e adaptando-se aos seus
princípios científicos. Na filosofia, é entendido como lei geral dos
seres comum a toda a espécie de existência, em geral ou em particular;
na antropologia e na sociologia, está por detrás da concepção de que o
desenvolvimento das sociedades e das instituições seguiu uma certa
orientação através de etapas vencidas por meio de leis demonstráveis
(Comte.); atinge também a política e a história. Abre, pois, novas
perspectivas e considerações em variadíssimos ramos do saber, mantendo
as suas questões tradicionais grandes e aceso debate a nível filosófico.
No mundo de hoje, o evolucionismo surge como uma doutrina
extraordinariamente atual e dotada de argumentos capazes de criar
rupturas com o tradicionalismo e as convenções clássicas, conduzindo o
Homem a uma reabordagem constante da sua própria evolução biológica. O
universo e a vida, em todas as suas manifestações, e a natureza nos seus
múltiplos aspectos são cada vez mais entendidos como resultado do
desenvolvimento, por oposição às idéias religiosas da criação inicial. O
evolucionismo pressupõe serem mais plausíveis a mudança, o
desenvolvimento e a adaptação como mecanismos de explicação do conjunto
dos organismos vivos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário